DIA I – Ai Jesus…
Não sei como é que me fui meter nisto.
Eu que nem nunca fui destas coisas…
Agora sou escritor.
E escrevo sobre a vida, o mundo e os homens.
E cada uma destas coisas dava para escrever tanto, tanto, tanto, que é quase mais tanto quanto tanto tem o mais.
Assim como não há nada perfeito também não há nada que não o seja.
Ainda antes de acordar já vejo o mundo, aquele dos sonhos.
Acordo e abro os olhos.
Vejo agora dois mundos: o físico que me rodeia e o outro, o dos sonhos acordado.
E é com estes dois que saio para a vida, num turbilhão de interacções.
E assim ando até fechar novamente os olhos e os dois se voltarem a encontrar naquilo que eu sou…
...uma história inconsolável. Um caso incontornável de uma vida desgraçada.
A manhã cinzenta do caos agoira uma tarde despedaçada de estilhaços incongruentes e falidos. A nota do espaço aponta o infinito, o caos do romantismo a morte.
Nenhuma desilusão é pior que toda a vida sem sentido.
DIA II – Tou Fuck…
Vivo numa ilusão tão grande, numa tão imposta realidade que não é minha!
E então tenho de imaginar e viver com outra, que temo que desapareça no dia em que a esperança se queda.
E esta, perco-a quando superada pela angústia, fruto de um acumular de momentos. Aqueles em que não acredito que compense, quando todos os elementos que me mantêm vivo estão presentes apenas na memória, substituídos no sentir por um enorme vazio.
És um conflito vivo
Inconstante a todo o momento
Para assim te manteres igual a ti próprio
Nessa forma de viver aos sobressaltos
Procura-se algum conforto
Serenidade e paz
Sempre às voltas e sem repouso.
Falta-me a sensatez e paz de espírito
Para atingir ou apanhar
O que em inquietude vejo
E não consigo alcançar
As nossas almas passeiam juntas de mãos dadas. E riem-se de nós, que barrados pelos sentidos que os nossos corpos nos forçam a ter, continuamos às voltas, baralhados em sentimentos, a complicar o que é tão simples.
E elas riem-se.
Porque se deixam ir, porque lhes é fácil tudo o que nós gostaríamos mas nunca vamos ser.
(continua…)
Dia III – Eh Eh Eh! ;)
O Ser Humano só está bem quando tem o que quer.
E isso, é impossível de mudar.
Pode-se mudar é o que se quer.
De que vale o conhecimento se dele não se retirar proveito?
Tu que sabes e eu que sei, cala-te tu que eu me calarei. (adoro-te Avó Graça)
Não esqueço nada do que sei, não guardo nada do que esqueço, não nego, não minto.
E sou feliz!!!!!!!!
No limiar está a fé. No Benfica, na minha tia, na rebeldia ou na batata. Porque nunca o analisador poderá definir totalmente o analisado sendo simultaneamente os dois.
Resta ACEITAÇÃO, COERÊNCIA e deixa andar.
Venha a festa.
Até já.
* Parabéns pelo blog Ricky, és grande. *
Hergé
[Isto é pura introspecção à moda do Gouvas. O Gouveia, Rui Miguel, é amigo desde a adolescência sintrense, da família que eu escolhi. Fomos expulsos dos escuteiros juntos, o que nitidamente não é para todos. São muitos anos de acampamentos, borgas, viagens, idas de carro até França e de autocarro até à Polónia, uma casa partilhada entre nós dois e a Vanda durante dois anos, festas trance, planos para uma ida a Berlim e um livro que ele quer - deve - escrever. O Gouvas vive em Benguela, Angola, há dois anos. O currículo diz que é engenheiro, mas isso é apenas a aparência. Em abono da verdade, o rapaz é um boémio de ideias largas e gargalhadas fáceis. Abraço para esse hemisfério, irmão.]