21.3.07

Janela com vista #02 - Rui Gouveia

DIA I – Ai Jesus…

Não sei como é que me fui meter nisto.
Eu que nem nunca fui destas coisas…
Agora sou escritor.
E escrevo sobre a vida, o mundo e os homens.
E cada uma destas coisas dava para escrever tanto, tanto, tanto, que é quase mais tanto quanto tanto tem o mais.
Assim como não há nada perfeito também não há nada que não o seja.

Ainda antes de acordar já vejo o mundo, aquele dos sonhos.
Acordo e abro os olhos.
Vejo agora dois mundos: o físico que me rodeia e o outro, o dos sonhos acordado.
E é com estes dois que saio para a vida, num turbilhão de interacções.
E assim ando até fechar novamente os olhos e os dois se voltarem a encontrar naquilo que eu sou…

...uma história inconsolável. Um caso incontornável de uma vida desgraçada.
A manhã cinzenta do caos agoira uma tarde despedaçada de estilhaços incongruentes e falidos. A nota do espaço aponta o infinito, o caos do romantismo a morte.

Nenhuma desilusão é pior que toda a vida sem sentido.



DIA II – Tou Fuck…

Vivo numa ilusão tão grande, numa tão imposta realidade que não é minha!
E então tenho de imaginar e viver com outra, que temo que desapareça no dia em que a esperança se queda.
E esta, perco-a quando superada pela angústia, fruto de um acumular de momentos. Aqueles em que não acredito que compense, quando todos os elementos que me mantêm vivo estão presentes apenas na memória, substituídos no sentir por um enorme vazio.

És um conflito vivo
Inconstante a todo o momento
Para assim te manteres igual a ti próprio
Nessa forma de viver aos sobressaltos

Procura-se algum conforto
Serenidade e paz
Sempre às voltas e sem repouso.


Falta-me a sensatez e paz de espírito
Para atingir ou apanhar
O que em inquietude vejo
E não consigo alcançar

As nossas almas passeiam juntas de mãos dadas. E riem-se de nós, que barrados pelos sentidos que os nossos corpos nos forçam a ter, continuamos às voltas, baralhados em sentimentos, a complicar o que é tão simples.
E elas riem-se.
Porque se deixam ir, porque lhes é fácil tudo o que nós gostaríamos mas nunca vamos ser.
(continua…)



Dia III – Eh Eh Eh! ;)

O Ser Humano só está bem quando tem o que quer.
E isso, é impossível de mudar.
Pode-se mudar é o que se quer.

De que vale o conhecimento se dele não se retirar proveito?

Tu que sabes e eu que sei, cala-te tu que eu me calarei. (adoro-te Avó Graça)

Não esqueço nada do que sei, não guardo nada do que esqueço, não nego, não minto.
E sou feliz!!!!!!!!
No limiar está a fé. No Benfica, na minha tia, na rebeldia ou na batata. Porque nunca o analisador poderá definir totalmente o analisado sendo simultaneamente os dois.
Resta ACEITAÇÃO, COERÊNCIA e deixa andar.
Venha a festa.
Até já.

* Parabéns pelo blog Ricky, és grande. *

Hergé



[Isto é pura introspecção à moda do Gouvas. O Gouveia, Rui Miguel, é amigo desde a adolescência sintrense, da família que eu escolhi. Fomos expulsos dos escuteiros juntos, o que nitidamente não é para todos. São muitos anos de acampamentos, borgas, viagens, idas de carro até França e de autocarro até à Polónia, uma casa partilhada entre nós dois e a Vanda durante dois anos, festas trance, planos para uma ida a Berlim e um livro que ele quer - deve - escrever. O Gouvas vive em Benguela, Angola, há dois anos. O currículo diz que é engenheiro, mas isso é apenas a aparência. Em abono da verdade, o rapaz é um boémio de ideias largas e gargalhadas fáceis. Abraço para esse hemisfério, irmão.]

9 comentários:

Anónimo disse...

Expulso dos escoteiros???? Ai está uma novidade! lol :) Isto de vir ao teu blog está a tornar-se um vicio! Diga-se que não tenho tempo para isto... mas não consigo evitar,e ainda bem!

Telescópio disse...

bem-vinda, sofia. Mi casa es su casa!

Anónimo disse...

olha-me esta gaja, hã?...
1º) um tipo escreve quase um livro e ela nem um ai sobre o assunto
2º) escOteiros??? esc...O...teiros??? minha irmã, expulso ou não foi dos escuteiros que eu com os aep's nunca tive nem quero ter nada a ver

beijinhos grandes sof, gostei de te ver linda
saudades ;)

Anónimo disse...

hummm... fiquei aqui a pensar de mim para mim que há muitas marias na terra!

por acaso sofia, não és cerejo, não?

se sim, esqueça-se este post e está tudo bem

se não, esqueça-se este post e o anterior e por favor desculpa-me sofia (a não cerejo, claro)

ai rui, sempre a somar pontos
:)

disse...

Primeiro reparo.
O meu amigo Gu soma gafes aqui como a amiga Dé, és um pétáculo, mas para mim a tua melhor gafe foi aquela na praia grande, aquela lembraste?!!!lol
O segundo reparo fica para mais tarde…tem que ser algo bem mais elaborado.
Beijos amigo.

Ana Paulo Santos disse...

Gu, perto ou longe, és completamente incontornável!

Outra faceta que não te conhecia, a de escritor. Mas que te fica bem, quando dás uma de deitar cá para fora esse tão especial que tu és. Sinto saudades, todos os dias.

(eu que entrei já no fim da linha, ainda tive a oportunidade de ser expulsa dos escuteiros na mesma altura! não é para todos! vocês são família, para sempre)

Beijo grande, Gu, volta depressa, ou vai voltando, que a malta te espera de copo na mão e braços prontos para abraços dos bons.

Grilo Falante disse...

Já que estamos no abuso, abusemos!

Como chegar até aos teus escritos, Gouveia?

Anónimo disse...

Genial! Sim, como chegamos a esses escritos? helena.

Anónimo disse...

Oi...again
Bem espero não me ter enganado no blog! lol
O escuteiro a quem me queria dirigir é o jornalista do Então?! Cerjo não conheço! Sou Sofia Gaivota, amiga da Ana Lua (do bar da estação), que me disse que o telescópio blogava aqui... tou no sitio certo?