Quando andava no liceu, tinha dois pares de ténis All-Star – uns vermelhos, outros azuis – e trocava as cores dos pés. Ou seja, pintava de vez em quando o pé esquerdo de azul e o direito de vermelho, ou vice-versa. Hoje, que os All-Star voltaram à berra, tenho apenas um conjunto, comprado na avenida Florida, em Buenos Aires, por meia dúzia de pesos. São cinzentos ratazana, propositadamente desbotados, com atacadores brancos.
No início dos anos 90, os All Star eram uma instituição. O paralelo com as Doc Martin nos eighties [conotadas injustamente com os skinheads, já que nessa década elas eram usadas por toda a gente, dos punks aos meninos da linha], mas numa versão mais descontraída, registo veranil. Os All-Star atravessavam todos os estilos, todos os públicos e gostos de uma determinada faixa etária. E voltaram, em versão revival.
Ontem, no Bairro, pus-me a olhar para os pés das pessoas. Contei muitos All-Star, muitos, sempre nos pés de quem os usava há 15 anos, quando tinha 15 anos. E eu, que andava com uns ténis da Reef amarelos, senti-me deslocado, quase um traidor.
Esta manhã calcei os meus All-Star cinzento ratazana, comprados em Buenos aires por meia dúzia de pesos, e fui pô-los a passear por Lisboa. Eles gostam de arejar, eu gosto da descontracção e a postura assume um sintoma: o Verão está quase a chegar.
14.3.07
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