Ano novo em Berlim foi banho de urbanidade. Martin Parr iluminou-me os dias, depois de ver a exposição dele no C/O Berlin, uma velha estação de Correios no Mitte agora transformada em centro de fotografia. Esta imagem é dele. Não estava exposta em Berlim e no entanto tem doses precisas de ironia e ridículo. Isto é um grupo de turistas no Ground Zero, em Nova Iorque.
Muito curtidos, estes dias de berliner. Dançar numa festa de house num edifício ocupado, mergulhar nos restaurantes turcos, libaneses e japoneses de Kreuzberg, curtir a vanguarda em Prezlauer Berg, saltar de ano no telhado de um prédio de oito andares, frente a Centralpark, e assistir a uma verdadeira guerra civil de fogo de artifício durante uma dúzia de minutos. Fazer festa luso-brasileira-alemã noite dentro.
O pior foi depois. Às cinco da manhã do dia 1 de Janeiro de 2008 rumei ao aeroporto de Snhonefeld, disposto a manter uma postura respeitável e confiante (o que de facto viria a conseguir fazer, pelo menos até momento em que me sentei no avião. Ahhh, mesmo à justa.)
Uns minutos depois das dez da manhã cheguei a Lisboa. Fui tomar o pequeno-almoço à avenida de Roma e observei os restantes madrugadores. Havia as senhoras e os senhores de chapéu, extremamente acordados, algumas famílias completas, demasiado bem-dispostas, os últimos boémios da festa, a caminho de casa. Percebi-os melhor do que aos outros. E percebi que odeio pessoas bem-dispostas e acordadas nas manhãs de 1 de Janeiro.
5.1.08
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