30.3.07

Kapa

A K galeria, do colectivo kameraphoto [que reúne os melhores fotógrafos da tugolândia] cumpriu ontem dois anos de vida e inaugurou uma exposição muito doida. Penduradas pelas paredes da galeria estão várias folhas A4, onde estão escritas as descrições das fotos correspondentes. Quem quiser arranca uma página, paga dez euros e troca a folha por um envelope do mesmo tamanho, onde está a fotografia correspondente à descrição. Quando mil palavras valem uma imagem.

Comprei duas. «Uma janela com frases escritas. Um vulto ao fundo, enquadrado pela urbanidade de Berlim. Mais um reflexo de árvore na vitrina» e «Teclado de computador com teclas POWER, SLEEP e WAKE de cor branca. Restantes teclas de cor amarelada. Superfície de fórmica imitação de madeira. Chave de porta com etiqueta de plástico com inscrição da palavra CRIME.» Saiu-me um Jordi Burch e um António Júlio Duarte, respectivamente. Mas não, não foi mera casualidade.

Os Ks estavam lá quase todos: a Sandra Rocha e o Guillaume Pazat vieram de propósito de Madrid, trouxeram o Fil, uma catrefada de espanhóis e a noite tornou-se uma festa. Hoje doi-me a cabeça. Mas tenho duas belas fotos aqui ao lado.

29.3.07

Mário, o marionetista

Bruxa presa por fios tem duplo feitiço. Palhaço pobre é riqueza de espírito. Aladino pendurado não é génio de lâmpada, é magia de cordel. E polícia atado é como todos os outros, facilmente manipulado.

São as marionetas que Mário, o marionetista, traz de tempos a tempos para o Bairro Alto, «custam cinco euros mas para ti faço a quatro» e para ti é toda a gente, porque toda a gente sente o fascínio de coordenar os movimentos às figuras espadaúdas, esticadas verticalmente. As marionetas de Mário são tão magras quanto ele e todas sorriem. Não há dias tristes para fantoche de madeira.

Mário vive aqui há 35 anos, mas nasceu em Angola, perto de um Huambo que se chamava Nova Lisboa. Tem carapinha grisalha, barba revolucionária branca no centro e preta nos limites. «Moldei o Mário Soares para o Contra-Informação», disse Mário, o marionetista. Talvez.

Por alturas do Natal a procura aumenta e costumo vê-lo em Novembro a percorrer o Bairro e perguntar aos frequentes: «Precisas de marionetas para o Natal? Quantas? Avisa agora que eu depois não tenho.» E ninguém avisa, mas ele fá-las à mesma e vende-as sempre, todas, nunca lhe sobra um pinóquio que sonha ser menino de verdade.

Bruxas, aladinos, palhaço pobre, polícia. A vida de Mário é mágica e as suas personagens são feitiços. Ontem, tenho a certeza, vendeu todos os seus sorrisos de madeira.

27.3.07

Janela com vista #04 - Hugo Duarte

Fala, Hugo. É desta forma singela e directa que os cariocas dizem Bom Dia. Eu continuo a preferir o instrumento de bocegar ar e simultaneamente dizer BOOOOM DIA, mas tambem nada se pode exigir de quem não toma pequeno almoço, mas sim café da manhã.

Gosto de Favela, lá tem picolé, lá tem baseado, lá tem moleque, lá tem sorriso, lá tem neguinha, lá tem medo, lá tem bicicreta, lá tem framenguista, lá tem gato-net, lá tem sacolé, lá tem invasão, lá tem camborão, lá tem lágrima, lá tem bandido, Não Gosto de Favela.

O virus da Dengue, que já foi estatico, comum, hemorragico, visceral, assumiu nova faceta surreal agora é virus da Dengue Poetica. Tem o ritual dum animal noctivago e morde preferencialmente pela madrugada quando os corpos fazem amor. E morrem...

O Romário (Baixinho) tem golos em falta, e espera por uma falta para lhe faltarem menos golos ou faltas. Faltam 2. Tem 998. No Domingo espero que marque um com a perna que partirá em dupla factura exposta e inibirá de jogar jamais.Ele tem uma filha com sindrome de Down....Irónico.

Na Lapa vendem-se beijos e roubam-se cervejas. Na Lapa roubam-se sorrisos e vendem-se bohemias. Na Lapa vendem-se gringos e roubam-se abraços. Na Lapa roubam-se sambas e vendem-se suores. Na Lapa, nos Arcos da Lapa....te dou uma lingua.

Paf, paf, paf faz a pistola. Trak, trak, trak faz a metralhadora. Pum faz a Granada. O Rio como cidade-maravilha têm tudo o que podem fantasiar/imaginar/idolatrar mas existe um ligeiro mas.....Mas,Mas,Mas faz a pistola. Mas,Mas,Mas faz a metralhadora. Mas faz a Granada.

Crystal, Bohemia, Antartica, Itaipava, Cintra, Bavaria, Kaiser, Petra, Nova Schin, Belco, Lokal, Cerpa, Skol, Lecker, Brahma e Primus expresso em modelos Pilsen, Malzbier, Beats, Bock, Gold, Light, Extra, Chopp, Lemon, Premium, Kolsch,...e quanto não vale uma Mini Sagres????

O Sol por aqui aparece todos os dias, não tem inverno, não tem verão, as vezes tem é inferno. A praia por aqui aparece todos os dias, não tem inverno, não tem verão, as vezes tem é cegueira. A noite por aqui aparece todos os dias, não tem inverno, não tem verão, as vezes tem samba.

Minha filha nasceu há dois meses, e elas já são três. Primeiro a pequena, com bigode à Manuel, feia, e imensamente fragil. A Segunda com olhares ferozes e questionadores, perguntando porque e respondendo onde. Agora a Terceira que sorri sem dentes, vomita gracejos, já diz Benfica e é Linda!!!!!!!!!!!





[O Hugo tornou-se carioca, mergulhou no Rio de Janeiro por amor e em Ipanema por filiação. Conheci-o quando ainda era um homem da Covilhã, depois veio para Lisboa e agora vive no Brasil, com a mulher e a filha, bebé de meses. Jantares em casa dele, o quintal da Copa que instalou na Penha de França, algumas imperiais, horas de conversa - eis os registos da memória transatlântica. Saudades avivadas por este texto. Brilhante, meu irmão.]

26.3.07

O dezassete

Nos dias em que há ameaça de chuva sobre a capital mais solarenga da Europa [ou simplesmente nos dias em que estou tão cansado que não me apetece cumprir a pé os 1,8 quilómetros que separam a minha casa da redacção] apanho o autocarro na esquina da América com a Guilhermina Suggia. Evito o 727 para a Picheleira, não me parece um destino digno. O 49 dá uma volta tremenda, demora mais tempo do que qualquer caminhada. Na verdade, só me resta uma opção viável: o dezassete, que desce metade da avenida do Brasil relativamente vazio, vira para a Rio de Janeiro e apanha quatro ou cinco velhotas de chapéu coquete sobre os cabelos arranjados [normalmente pode-se encontrar residualmente estas personagens cinco metros atrás da paragem do autocarro, dispostas pela esplanada da pastelaria Biarritz a beber chá a meio da tarde em bandos de duas ou três velhotas], passa pelo estádio primeiro de Maio, onde entram sempre alguns estudantes das escolas das redondezas [cadernos gastos no final do segundo período, cada vez menos mochilas, canetas no bolso de trás], vira depois para a América, apanha-me a mim e a duas mulheres a dias, uma com alcofa na mão, outra com sacos de plástico, sobe ao Areeiro pela Gago Coutinho, desce a Almirante Reis à cunha com empregados de bancos ou das seguradoras que fecham por volta das três tarde, e detém-se finalmente na Praça do Chile, virado para a Morais Soares, rua multicultural e cosmopolita, com lojas a preços de revenda e clientela das classes operárias.

O motorista do dezassete não era hoje o do costume. Este tinha quinas na mão, que não significam nenhum espírito patriota relevante, apenas o facto de ter estado preso. Quando entrei, ele conversava animadamente com o revisor: «Só espero que tenham percebido a mensagem», comentou o revisor. «As pessoas estão fartas», respondeu o condutor e eu sem perceber o tónico da conversa.

Afastei-me por instantes, não havia lugares livres no autocarro e eu fiquei em frente a duas senhoras que seguramente haviam entrado na paragem frente ao Biarritz, ainda que uma delas não usasse chapéu, antes um alfinete de peito em forma de borboleta presa sobre o lado direito do casaco. «É um escândalo», dizia uma. «Um escândalo», confirmava a outra enquanto procurava na mala de pano um pacote de lenços de papel, tirava um e se assoava sem fazer qualquer barulho. Atrás de mim, duas adolescentes comparavam toques de telemóvel, riam-se muito indiferentes à polémica. Voltei a encaminhar-me para a parte dianteira do dezassete, onde motorista e revisor prosseguiam o tónico animado: «Perdeu-se o respeito e os políticos são uns corruptos. Precisávamos de voltar ao antigamente.» E foi então que percebi tudo. Os telespectadores da RTP escolheram ontem António de Oliveira Salazar como o maior português de sempre e o dezassete seguia em alvoroço pela bizarria do facto.

É lamentável, muito triste mesmo, que um grupo de votantes escolha um pequeno ditador, tacanho e provinciano, como modelo a seguir. Mas é um sério aviso à navegação - as pessoas estão fartas da crise, dos políticos corruptos, das medidas de cosmética, dos salários baixos, deste projecto de Portugal falido. O escândalo não é a conversa do dezassete, nem a escolha de salazar como o maior português. O escândalo é a política de educação deste país.

23.3.07

Janela com vista #03 - Helena Teixeira da Silva

Na Primavera começava a contagem decrescente. Os cadernos pretos encadernados com a arte que à altura admirávamos já quase não tinham páginas brancas, mas sabíamos que não tínhamos que comprar cadernos novos. Juntavam-se umas folhas A4 emprestadas e serviam perfeitamente para apontar uns sumários aos quais já não daríamos grande importância. Como se o sol fosse a fronteira que ditava a matéria que já não sairia nos testes. Os livros, já todos amarrotados, serviam-nos de almofadas nos intervalos. E os intervalos eram cada vez maiores porque descobríamos o prazer de chegar depois do segundo toque, de sentar na última fila, de não esticar o dedo para responder às perguntas só porque não - o sabor de quem sabe que está no fim da linha. De quem tem os pés na sala e a cabeça onde a voz do professor não chega.
 
Experimentávamos, com a excitação dos rituais clandestinos, os primeiros cigarros atrás dos pavilhões; alguns trocavam os primeiros beijos. Os contínuos, com os olhos dentro dos bolsos das batas, fingiam não ver. Sorriam discretamente, não como guardiães daquele segredo; mas como se só eles soubessem que nenhum amor sobreviveria às férias grandes. Havia sempre só um rapaz desejado - o mais marginal e tendencialmente o mais velho; sempre só uma rapariga - a mais bonita. Ninguém ficava triste com isso. Era assim. No ano seguinte, talvez os eleitos fossem outros. Eram outros. Trocavam-se bilhetes, promessas enigmáticas escritas a giz nos postes pretos dos corredores. E sonhos, que não eram de Verão, mas do próximo campeonato lectivo. E tudo batia sempre certo. Como nos filmes. Nenhuma história capotava.
 
Um dia, saíamos de casa para a escola sabendo que não teríamos escola. A lição número cem de cada disciplina era comemorada com pic-nic e gazeta. E euforia. Não era só o ano lectivo que estava a quase a acabar. Eram esses amores, protelados durante três períodos, que floresciam, finalmente. Eram as frases silenciadas que ganhavam forma. Era a súbita confiança com os professores e a argumentação que os convencia a esticar um quatro para um cinco - ou um dois para um três. E eles cediam, certamente convictos de que inflacionar notas na aldeia não haveria de corromper o mundo. Era o contraditório desejo de que não acabasse já ali a maratona das aulas. Embora se faltasse cada vez mais às aulas. Embora ser expulso delas se tornasse num improvável momento de glória. Os inquilinos das cadeiras dispostas atrás das mesas em forma de U mudavam nas últimas semanas: as equipas sexistas eram substituídas por casais.
 
Íamos para o rio na recta final do percurso. E ninguém se sepultava primeiro dentro de um solário por temer exibir a brancura epidérmica. Ser mais ou menos gordo também não era obstáculo para vestir os biquinis da época anterior. Não era relevante. Não se falava disso. Falava-se de tudo o que se calou durante um programa curricular inteiro. Partilhavam-se ideais, caminhos de futuro. E antecipava-se a viagem anual, onde mais paixões haveriam de surgir. Viagens ali, ao virar da esquina, que nos deslumbravam como cruzeiros. Havia sempre alguém, geralmente o rapaz marginal cobiçado, que saltava da ponte mais alta. E sempre alguém que levava um rádio de pilhas com os hits do momento.
 
Depois, os viciados como eu, iam jogar Tetris até não haver mais moedas no raio de cinquenta metros. Nem os empregados do café eram poupados ao peditório. Tudo em nome de um novo recorde. Bebia-se café com natas. Aguardava-se o baile de fim de tarde, derradeiro momento para angariação de fundos e slows suados dançados às escuras. O concerto nocturno das bandas de garagem da terra encerraria um capítulo que todos sabiam que haveriam de contar vezes e vezes sem conta pela vida fora.
 
Voltávamos no ano seguinte. E nunca voltávamos iguais. Voltavam os enérgicos debates para a eleição da associação de estudantes. Vitórias emolduradas. Devagar, talvez com maior vagar do que nos sítios onde viviam as pessoas que conhecíamos Verão-após-Verão, crescíamos mais um bocadinho. Mas continuávamos a acreditar, tão cândidos como no início, que nunca haveríamos de nos separar. No fim dos anos lectivos todos, doze seguidos, candidatámo-nos, os seis do núcleo duro, à mesma cidade. Lisboa era a mais conveniente para um, para o que queria Comunicação Social; logo, a mais conveniente para todos. Donos do nosso pequeno pódio transmontano, não estávamos habituados a ser driblados pela ideia de que há mais mundo além do nosso. Ficámos todos separados.






[A Helena é transmontana de gema, portuense de residência, lisboeta de espírito, jornalista de vocação. Conheci-a no Porto há não muito tempo, por intermédio do catalão maluco, e percebi de imediato que a conhecia há muitas vidas. Apresentou-me alguns dos lugares mais cool da Invicta, fez-me ter saudades de uma cidade que me costumava passar ao lado e, por isso mesmo, hoje o meu Porto também se chama Helena. Aqui fica uma excelente janela com vista do Arranha-céus, escrita com palavras de algodão doce.]

22.3.07

Road movie

Se há coisa que me tem dado gozo desde que fui viver para a América é ir ao cinema sozinho. Também gosto de ir acompanhado, de preferência bem acompanhado, mas de vez em quando dou uma volta maior a caminho de casa e passo de propósito pelo King só para ver o que anunciam os cartazes. Se gosto, entro e peço um lugar a meio da sala, sozinho, sem distúrbios. Aconteceu-me ontem.

No domingo fui beber um chá a Vale de Lobos e dei por mim a falar com os pais de uma amiga sobre os rituais de uma ida ao cinema. Nos anos 60 as pessoas aperaltavam-se para ir ver uma sessão ao Império, ao Europa, ao Éden ou ao Cinema Roma [todos eles extintos, fechados, recovertidos em locais de culto e colecta do dízimo, ou pior ainda, deitados abaixo e transformados em urbanizações e edifícios de escritórios], passavam dois filmes, ou então apenas um com documentários e espectáculos musicais pelo meio. Havia intervalos onde as mulheres se dirigiam ao foyer para bebericar capilé e os homens um moscatel. O cinema era fogueira de vaidades, ponto de encontro para conversas e escaladas sociais, palco informal de negócios e acertos de contas. Hoje as salas saíram do centro para a periferia da cidade, os filmes são exibidos em complexos multiplex, as pipocas substituíram o capilé e ninguém barra a entrada a quem entrar no cinema de sandálias, calções e saias.

O King tem algum glamour europeu, que é diferente do velho charme dos cinemas lisboetas. E, sem saudosismos dos tempos que não vivi, congrega o melhor dos dois mundos: é suficientemente descontraído mas não é ícone de nenhum padrão de consumo ou de montra de imagens para lá das que passam na tela. Além de que, ali, não se vendem pipocas. Por isso é que me deu tanto gozo ir sozinho ver o «Half Nelson» [bom filme, excelente interpretação]. Sentei-me no centro da sala disposto à solidão diante do ecrã quando, passados minutos, senta-se à minha direita um conhecido do Bairro Alto e à esquerda um conhecido da faculdade.

Lá se foi o plano de eremita. Mas o cinema é isto, não é? Uma escola de ilusões.

21.3.07

Janela com vista #02 - Rui Gouveia

DIA I – Ai Jesus…

Não sei como é que me fui meter nisto.
Eu que nem nunca fui destas coisas…
Agora sou escritor.
E escrevo sobre a vida, o mundo e os homens.
E cada uma destas coisas dava para escrever tanto, tanto, tanto, que é quase mais tanto quanto tanto tem o mais.
Assim como não há nada perfeito também não há nada que não o seja.

Ainda antes de acordar já vejo o mundo, aquele dos sonhos.
Acordo e abro os olhos.
Vejo agora dois mundos: o físico que me rodeia e o outro, o dos sonhos acordado.
E é com estes dois que saio para a vida, num turbilhão de interacções.
E assim ando até fechar novamente os olhos e os dois se voltarem a encontrar naquilo que eu sou…

...uma história inconsolável. Um caso incontornável de uma vida desgraçada.
A manhã cinzenta do caos agoira uma tarde despedaçada de estilhaços incongruentes e falidos. A nota do espaço aponta o infinito, o caos do romantismo a morte.

Nenhuma desilusão é pior que toda a vida sem sentido.



DIA II – Tou Fuck…

Vivo numa ilusão tão grande, numa tão imposta realidade que não é minha!
E então tenho de imaginar e viver com outra, que temo que desapareça no dia em que a esperança se queda.
E esta, perco-a quando superada pela angústia, fruto de um acumular de momentos. Aqueles em que não acredito que compense, quando todos os elementos que me mantêm vivo estão presentes apenas na memória, substituídos no sentir por um enorme vazio.

És um conflito vivo
Inconstante a todo o momento
Para assim te manteres igual a ti próprio
Nessa forma de viver aos sobressaltos

Procura-se algum conforto
Serenidade e paz
Sempre às voltas e sem repouso.


Falta-me a sensatez e paz de espírito
Para atingir ou apanhar
O que em inquietude vejo
E não consigo alcançar

As nossas almas passeiam juntas de mãos dadas. E riem-se de nós, que barrados pelos sentidos que os nossos corpos nos forçam a ter, continuamos às voltas, baralhados em sentimentos, a complicar o que é tão simples.
E elas riem-se.
Porque se deixam ir, porque lhes é fácil tudo o que nós gostaríamos mas nunca vamos ser.
(continua…)



Dia III – Eh Eh Eh! ;)

O Ser Humano só está bem quando tem o que quer.
E isso, é impossível de mudar.
Pode-se mudar é o que se quer.

De que vale o conhecimento se dele não se retirar proveito?

Tu que sabes e eu que sei, cala-te tu que eu me calarei. (adoro-te Avó Graça)

Não esqueço nada do que sei, não guardo nada do que esqueço, não nego, não minto.
E sou feliz!!!!!!!!
No limiar está a fé. No Benfica, na minha tia, na rebeldia ou na batata. Porque nunca o analisador poderá definir totalmente o analisado sendo simultaneamente os dois.
Resta ACEITAÇÃO, COERÊNCIA e deixa andar.
Venha a festa.
Até já.

* Parabéns pelo blog Ricky, és grande. *

Hergé



[Isto é pura introspecção à moda do Gouvas. O Gouveia, Rui Miguel, é amigo desde a adolescência sintrense, da família que eu escolhi. Fomos expulsos dos escuteiros juntos, o que nitidamente não é para todos. São muitos anos de acampamentos, borgas, viagens, idas de carro até França e de autocarro até à Polónia, uma casa partilhada entre nós dois e a Vanda durante dois anos, festas trance, planos para uma ida a Berlim e um livro que ele quer - deve - escrever. O Gouvas vive em Benguela, Angola, há dois anos. O currículo diz que é engenheiro, mas isso é apenas a aparência. Em abono da verdade, o rapaz é um boémio de ideias largas e gargalhadas fáceis. Abraço para esse hemisfério, irmão.]

20.3.07

A estrela da Amadora

«Sabias que se chamava Porcalhota», perguntava-me a avó Arlete sobre a Amadora sempre que íamos dar um passeio. Morava ali desde a adolescência da minha mãe, num quinto andar da avenida de Pangim, que fica quatro ruas acima do estádio do Estrela, pertinho das escadas que dão acesso à clínica de Santo António.

«Sabias que se chamava Porcalhota» e eu escangalhava-me a rir, as mãos dadas à avó Arlete e ao avô Armando, enquanto descíamos a Reboleira e seguíamos para a Damaia, depois subiámos a rua para passar a linha de comboio numa fresta da vedação em Santa Cruz, seguíamos então para as portas de Benfica, até à estação, e fazíamos o percurso inverso, caminho de bairros de lata e africanidades, sem medos, apenas afogueados. Só eu queria ir com a avó Arlete e o avô Armando passear, os meus irmãos preferiam ficar a brincar ou a ver desenhos animados. «Sabias?»

O quinto andar na avenida de Pangim tinha as paredes cobertas de tinta de água, era reluzência fora de moda. Verde cueca na casa de banho, azul atlântico na sala, vinho tinto no hall de entrada. Havia o quarto, com mesinhas de cabeceira cheias de Selecções do Reader's Digest e as prateleiras cheias de livros de Agatha Christie e Heinz Konsalik, que a avó Arlete lia de uma ponta à outra religiosamente, e duas casas de banho. Depois existia a sala, a salinha e a sala de costura, onde ela passava noites curvada sobre a velha máquina Singer, cosendo fechos eclair brancos em oleados azuis escuros para fazer sacos de desporto. Na salinha dormíamos nós, sofá cama aberto para mim e o Hugo, o David num colchão pequeno, à sua medida, esparramado no chão. E a sala, interdita à nossa entrada, tinha um quadro de um menino a chorar na parede e uma mesa de mármore no centro [uma vez parti ali a cabeça mas não contei nada à avó Arlete, com medo de represálias por ter entrado na zona proíbida da casa], mais três quadros de uma queimada em África, que o tio Vítor trouxe de Angola. Lá fora um jardim de ervas daninhas onde às vezes encontrava a professora de História do colégio D. Afonso V, a quem chamavamos Escarreta por ter um problema na laringe que a fazia puxar a expectoração a cada cinco minutos de discurso. E a igreja da Reboleira, onde vi os meus avós casarem quando era menino [é caso raro, alguém ir ao casamento dos avós. Mas os meus tinham passado uma vida de união civil e só aos cinquenta anos de parelha se decidiram pelo matrimónio].

Ontem fui ver o Benfica jogar no campo do Estrela da Amadora e depois liguei ao meu pai, era dia dele, para que me apanhasse e fossemos jantar. «Encontramo-nos à porta de casa da avó Arlete, lembras-te onde fica?» Como se algum dia me fosse esquecer... E lá subi as quatro ruas e passei pela igreja onde os meus avós casaram, lá observei meticulosamente os degraus da escadaria que dão acesso à clínica de Santo António, lá me dispus a esperar pelo meu pai diante do quinto andar da avenida de Pangim. E tudo o que antes era território de gigantes agora me parecia pequeno, excepto a memória da avó Arlete, a minha estrela da Amadora, que um dia me fez prometer que haveria de escrever um livro em honra dela e eu cumpri.

Tenho saudades tuas, avó.

19.3.07

Horários trocados

Ontem deitei-me às 22h e hoje levantei-me às oito da matina. Isto não é normal.

15.3.07

Diz que é uma espécie de alzheimer

Perdi outra vez o telemóvel. Este ano ainda não tinha perdido nenhum, mas em 2006 perdi sete aparelhos da Nokia, o modelo mais barato, claro, o que perfaz no ano passado um investimento de 350 euros em telecomunicações - e isto sem contar com carregamentos e taxas por estar sempre a pedir novas vias dos cartões.

O cúmulo aconteceu em Dezembro. Comprei um telemóvel no início do mês porque na semana anterior tinha perdido um no táxi. Dias mais tarde o aparelho desapareceu e tive que comprar outro em Aveiro - era este, o que agora perdi em parte incerta.

Dezembro é, aliás, um mês negro para os meus telemóveis. A única vez que decidi fazer um investimento mais avultado na área das telecomunicações foi para comprar um aparelho de elevado gabarito, que por acaso não tirava fotografias mas era um verdadeiro espectáculo de cor, luz, som e imagem.

Adquiri essa obra de arte no início de Dezembro de 2003, com o advento do subsídio de Natal. Levei-o para a redacção orgulhoso, a maquineta impressionava mais do que um Ferrari ou um veleiro [cabia num só bolso e no entanto era tão estridente e pimba que arrancava ohhhhs de espanto]. Durou duas semanas. Um dia, na louca esquizofrenia que pautava a labuta jornalística na revista Focus, atirei-o ao ar e ele aterrou-me em cima da mesa com o ecrã - o magnífico ecrã - partido.

Jurei para mim mesmo nunca mais comprar um telemóvel caro. Ao invés, adquiro vários a baixo custo mas, feitas as contas, é como se adquirisse todos os anos um topo de gama. Talvez fosse melhor poupar dinheiro e comprar um cérebro novo.

14.3.07

All-Star system

Quando andava no liceu, tinha dois pares de ténis All-Star – uns vermelhos, outros azuis – e trocava as cores dos pés. Ou seja, pintava de vez em quando o pé esquerdo de azul e o direito de vermelho, ou vice-versa. Hoje, que os All-Star voltaram à berra, tenho apenas um conjunto, comprado na avenida Florida, em Buenos Aires, por meia dúzia de pesos. São cinzentos ratazana, propositadamente desbotados, com atacadores brancos.

No início dos anos 90, os All Star eram uma instituição. O paralelo com as Doc Martin nos eighties [conotadas injustamente com os skinheads, já que nessa década elas eram usadas por toda a gente, dos punks aos meninos da linha], mas numa versão mais descontraída, registo veranil. Os All-Star atravessavam todos os estilos, todos os públicos e gostos de uma determinada faixa etária. E voltaram, em versão revival.

Ontem, no Bairro, pus-me a olhar para os pés das pessoas. Contei muitos All-Star, muitos, sempre nos pés de quem os usava há 15 anos, quando tinha 15 anos. E eu, que andava com uns ténis da Reef amarelos, senti-me deslocado, quase um traidor.

Esta manhã calcei os meus All-Star cinzento ratazana, comprados em Buenos aires por meia dúzia de pesos, e fui pô-los a passear por Lisboa. Eles gostam de arejar, eu gosto da descontracção e a postura assume um sintoma: o Verão está quase a chegar.

13.3.07

Avanços científicos

Ontem estive em Cabo Verde. Já não ia lá desde 2000, morria de sôdade, sôdade, sôdade...

Entrei em Cabo Verde à meia noite, saí às três da manhã. No minuto anterior a aterrar no Mindelo estava em Lisboa, no minuto seguinte também.

Não tive por isso tempo para qualquer voo transcontinental, fui a Cabo Verde e vim por teletransporte. Einstein tinha razão, há tantos anos que ele anunciou viagens no espaço e no tempo com a sua teoria da relatividade.

Os cientistas ainda não sabem como funciona o teletransporte, mas eu aprendi tudo ontem à noite. Mudei de continente em menos de ai, assim que subi as escadas do B. Leza para ouvir Tito Paris.

Lá dentro estava aquele calor suado das ilhas, cerveja morta ao balcão, regras de sedução simples para dançar mornas ou coladeras.

Não há dúvidas. Ontem estive mesmo em Cabo Verde.

12.3.07

Greenpeace

De todos os ecologistas que conheço nesta cidade - biólogos e escuteiros; vadios que dormem sob um tecto estrelado, em bancos de jardim, e passam os dias a alimentar pombos com pedaços de pão duro vasculhados nos caixotes de lixo; matilhas de freaks de garrafa de vinho e djambé em punho, amontoados nas ruas pedonais a cravar trocos para compensar a batida, e inevitavelmente rodeados de cães por todos os lados - a maior é sem dúvida a dona Margarida.

A dona Margarida vive na América, é a minha senhoria. É mulher de sentenças catastróficas, ao longo de um só dia é capaz de ordenar morte verbal a um bairro inteiro e, no entanto, derrete-se sempre que encontra qualquer animal desolado - um pombo de asa partida, um gato que o dono pretende afogar, um perro abandonado nas férias. Há dias, corria eu para a estação para apanhar o comboio para Sintra, encontrei-a na rua revoltada: «cortaram-me duas árvores.» Onde? «Ali em cima, perto da avenida de Roma.» As árvores não eram dela? Eram. As árvores são de quem as ama.

Na sua casa na América, dona Margarida acolhe os refugiados das ruas. São três cães e oito gatos, mais dois pombos de asas quebradas. Costumo encontrá-la a passear os primeiros, a bengala numa mão e duas trelas na outra [um dos perros caminha solto], mais um chapéu de padrão galês que lhe dá um ar senhorial.

A outra casa que dona Margarida tem livre no prédio serve de abrigo à passarada das redondezas. E junto à escadaria do sétimo piso, que tem alguns vidros partidos, coloca recipientes de água para as aves de Lisboa se refrescarem. Diz-me que já teve muitos mais cães, muitos mais gatos, e uma diversidade de animais que nem sequer consigo reproduzir.

A dona Margarida usa óculos, tem miopia como eu. E, ao longo destes meses de América, não foram raras as vezes que ela me convidou para almoçar.

É, repito, a maior amante dos animais que eu conheço.

7.3.07

Família Bastos, ou a novela da vida real

OS PROTAGONISTAS

. JOE BASTOS: fotógrafo, careca, pauta a sua vida pelo estrilho que dá. Os amigos também o conhecem por Joe, o Índio ou Nenuco. Ou ainda por Pai Tirano, sempre que as suas frases começas por «se fosse comigo...»
. JORDI BASTOS: fotógrafo, catalão de nascimento, hiperactivo e autor de uma linguagem própria. Para ele, mal significa bem, kombu é sinónimo de dinheiro e machibombo quer dizer autocarro.
. RICKY BASTOS: jornalista, sintrense e benfiquista, o que irrita solenemente o resto da irmandade. Tem fama de prostituta do mercado da habitação e de ouvir vozes na cabeça, sempre que não toma os medicamentos.
. SOPHY BASTOS: jornalista, o mulherão do grupo. Corre sérios riscos de se tornar esquizofrénica, e esses sintomas são visíveis sempre que atravessa o Bairro Alto a fazer entrevistas imaginárias. Trata os amigos por «muchachos».
. TIAGO BASTOS: infográfico, poeta, um romântico disfarçado de jagunço. Vive fascinado por tudo o que é esotérico e é frequentador assíduo do Bairro Alto. Entre as suas quatro frases de engate preferidas, contam-se três citações de Nietzche.


O ENREDO

Há cerca de um ano, Jordi Bastos e Sophy Bastos decidem percorrer a América Latina em trabalho, para fazer reportagens. Contra as previsões da grande maioria da imprensa, não se enrolam. Joe Bastos, Ricky Bastos e Tiago Bastos deixam-nos no aeroporto e despedem-se dos viajantes em lágrimas. Tiago Bastos, que vivia com Jordi Bastos, está inconsolável. Num acto de generosidade, Ricky Bastos muda-se para casa de Jordi Bastos. Joe Bastos também costuma lá viver, mas não paga a renda.

Em Maio, e movidos por uma saudade cortante, Joe Bastos, Ricky Bastos e Tiago Bastos viajam para a Argentina a fim de se encontrarem com o resto da irmandade. No aeroporto de Buenos Aires, correm uns para os outros em delírio. Passam mais de dez dias bêbedos, a desbravar a cidade e trocar confidências. Decidem depois ir passear para o Chile. Assumem perante o mundo que são uma banda de rock'n'roll europeia e muita gente acredita neles. No regresso a Buenos Aires, a choradeira repete-se. O tempo de América Latina está quase a terminar.

Os dias correm serenos em Lisboa. Tiago Bastos, Joe Bastos e Ricky Bastos entregam-se a uma vida de álcool e mulheres, desconsolados com a saudade dos amigos. Sophy Bastos e Jordi Bastos nunca recuperam verdadeiramente do encontro com o resto da irmandade. Nos restantes dois meses que permanecem em solo latino-americano, abdicam das reportagens e entregam-se à lazeirice. Regressam a Portugal e há nova cena de novela mexicana no aeroporto. Lágrimas, abraços, uma festa.

Alguns dias de festa para comemorar o regresso dos amigos. Nova despedida comovida no aeroporto: Ricky Bastos vai para o Sudeste Asiático e a irmandade separa-se outra vez. Quando regressa, já Joe Bastos abalou para a América do Sul, à procura de nova vida e, sobretudo, boa vida. Tiago Bastos, Sophy Bastos, Ricky Bastos e Jordi Bastos passam sete meses em Lisboa, com algumas saídas ocasionais. A irmandade permanece junta, mas falta um elemento. O Nenuco entretanto telefona, notícias de auspício.

Hoje à noite, Joe Bastos chega à cidade. Por breves dias [que já se anunciam partidas, largadas, fugidas], Família Bastos está reunida.

5.3.07

Então!?

Estudei em Sintra, numa escola com história, pavilhões antigos, professores de cãs. Só tinha aulas do décimo ano em diante, pensávamos que éramos enormes. No intervalo juntávamo-nos invariavelmente no «quadrado», um espaço coberto de zinco e rodeado de edifícios por todos os lados. A Associação de Estudantes punha cá fora duas colunas e passava invariavelmente as mesmas músicas: «Hoje é dia de orgia paroquial» e «Chiclete» para a carola. Eu, a Ana, a Elisa, o Miguel, a Rita, a Sofia e a Céu [mais tarde a Lina, o Simas, a Gabi, a Ana] reabrimos o «Então!?», jornal da escola com mais de 20 anos. Era feito por um bando de putos sonhadores, mas era bem feito, em off-set, com reportagens, entrevistas, crónicas e rúbricas fixas. Mais, dava-nos a vantagem de termos acesso privado a uma sala só para nós - o GAC, Grupo de Acção Cultural, por cima dos laboratórios de Química e ao lado do laboratório de fotografia. Era o nosso espaço. Chegámos a ficar trancados na escola depois desta fechar, para lá da hora em que a Cinderela se transforma em abóbora.

O pessoal do grupo de teatro guardava os fatos e adereços na nossa sala, na redacção, o que nos permitia fazer decorações alucinadas e aprofundar ainda mais o espírito revolucionário. Íamos para lá no fim das aulas e punhamos alguns adereços, falávamos dos artigos que estávamos a fazer e dos que podíamos fazer. Lembro-me da primeira edição do jornal, esgotou. À última da hora, a Céu pediu-nos para fazermos um agradecimento à Câmara, que nos tinha patrocinado a impressão com o projecto a escolha quer fazer. Nós escrevemos:
«A Câmara não é só aquele edifício bonito cheio de senhores feios. Quem feio ama bonito lhe parece, e muito bonito nos pareceu o senhor vereador da educação quando resolveu apoiar o nosso projecto.»

Lembro-me que a Sofia conseguiu fechar o salão de jogos em frente à escola depois de investigar a lei e escrever um artigo a falar da violação da mesma. Lembro-me de fazer uma entrevista à presidente do Conselho Directivo que deu polémica ao ponto de ela nos impedir de mostrar o jornal na feira das escolas [e nós montámos um pavilhão à revelia, claro]. Lembro-me de uma entrevista da Ana ao Fernando Pereira e das críticas culturais da Elisa, da Rita investigar os arquivos da escola, do Miguel inventar um poema marado sobre um relógio parado há anos no pavilhão da biblioteca.

Depois seguimos caminhos diferentes. Houve zangas, cumplicidades certificadas, afastamentos naturais. Mas isto é certo: é por causa do «Então!?» que eu sou jornalista. E esse será sempre o melhor jornal onde já trabalhei.

2.3.07

Agenda cultural

De vez em quando apercebo-me que esta cidade fervilha.

Ontem, subia eu o Bairro Alto ao fim da tarde, quando encontro na esquina de todos os encontros o Samuel, saxofonista sintrense, armadilhado em sopro e a dar baile ao bairro. Logo a seguir, apareceu-me pela frente a Dª Lurdes, empregada do Jordi e do Tiago [minha também, quando eu morava em casa do primeiro], com os seus óculos violeta de pastilhada a darem modernidade aos 64 anos da personagem. Abraço, «ai filho estás tão magro, estás tão bonito», e subo a rua com um sorriso. Ao jantar, apareceu o António Júlio Duarte, grande fotógrafo da tugolândia, que acabou de inaugurar uma exposição no Museu de História Natural.

No dia 8 de Março estreia na Casa Fernando Pessoa a exposição de fotografia «Estamos Juntos!», de Jordi Burch. Veni, vidi, vici - que o catalão maluco é talento através da objectiva e, como se não bastasse, um dos meus melhores amigos. É às 18h30 e há croquetes à borla. Estou lá!

[... já agora, nessa noite o Music Box, Cais do Sodré, apresenta Cosmic Sandwich e Zentex. o primeiro é o alterego do Steve Barnes, the king of electronic music, o segundo é um dj finlandês muito louco que mistura a arábia com o pastilhanço - genial...]

Por volta das três da manhã, mais música no BA. Quatro tipos a subirem a Atalaia com instrumentos e ritmo, percurssão animada, fiesta! São os Tora Tora Big Band, que vão apresentar o segundo álbum a dia 9 de Março, no Santiago Alquimista. Além de serem uns tipos porreiros, pareceu-me que a música bombava. Vamos ver?

Definitivamente esta cidade fervilha. É impressão minha ou está a acabar o Inverno?