Descer a avenida da Liberdade, de cravo vermelho numa mão, sozinho. Comover-me com samba de imigrante, fingir que danço enquanto somo os passos descendentes até ao Rossio. Gritar «fascismo nunca mais», «o custo de vida aumenta, o povo não aguenta», olhar nos olhos das velhas - uma, desdentada, ofereceu-me o cravo - e ler-lhes alegria nos olhos. Viva a Liberdade, viva.
Encontrar a Sara de há alguns anos e alguns suspiros, combinar café, resgatar ao passado a química adormecida. Concentrar o Bruno, a Lena, a Meg [onde estava a Inês, que raio?], como fazíamos há dez anos e há cinco e há 13, cantar a Grândola baixinho, o cravo a amachucar-se nos dedos.
Jantar, petiscada, Zé Mário Branco a ecoar pela sala. Discutir a esquerda, a direita, os tortos, o país. Beber JP tinto como se fosse Barca Velha, devorar ovos com farinheira, sala de massa fria, gargalhadas, é Ábril.
25 de Abril sempre!
26.4.07
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4 comentários:
«Nós somos um povo de respeitinho muito lindo, saímos à rua de cravo na mão sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas, né filho?»
in FMI, josé Mário Branco, 1982
«Assim mesmo, como entrevi um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o azul dos operários da Lisnave a desfilar, gritando ódio apenas ao vazio, exército de amor e capacetes, assim mesmo na Praça de Londres o soldado lhes falou: Olá camaradas, somos trabalhadores, eles não conseguiram fazer-nos esquecer, aqui está a minha arma para vos servir. Assim mesmo, por detrás das colinas onde o verde está à espera se levantam antiquíssimos rumores, as festas e os suores, os bombos de lava-colhos, assim mesmo senti um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o bater inexorável dos corações produtores, os tambores.» idem.
olha,
já tenho um blog, chama-se brogue e está em brogue.nireblog.com.
vai lá ver-me
Mori, sentiste a minha falta... que bom.
Este ano não deu. O meu pai foi a casa. Este ano a minha comemoração de liberdade foi outra... Masi anos virão.
Tenho saudades. Beijos grandes
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