9.2.07

O último round

Estreou ontem «Rocky Balboa», última sequela da saga de Sylvester Stallone sobre um pugilista pobre que trabalha num talho e, ao longo dos anos, iguala o campeão do mundo, depois bate-o, ainda o vinga e salva o mundo da ameaça soviética em dois ou três socos enluvados. Rocky está de volta. Tenham muito medo.

Gosto de passar a noite dos Oscars em claro a estudar reacções de nomeados quando são entregues os prémios [incluindo as categorias a que ninguém liga nenhuma]. Acho inclusivamente que, nos últimos anos, algo mudou em Hollywood. Filmes como o «Crash», o «Lost In Translation» ou o «Magnolia» são hoje alvo de olhares atentos e acumulam estatuetas, quando antes estariam à partida arredados da principal competição. Pode ser culpa do 11 de Setembro. Pode ser que os atentados terroristas tenham posto a América a pensar.

Estive em Hollywood há uns anos, já depois da hecatombe terrorista. Passeios pela Mulholand Drive, copos em Hollywood Boulevard [um concerto no mítico Roxy e, depois disso, um convite para uma festa privada. Champanhe, beautifull people, champanhe], ver as lojas de Rodeo Drive e Beverly Hills e visitar os principais estúdios. No parque de diversões da Universal Studios havia carrocéis do «Jurrasic Park», simulações de ataque do «Tubarão», uma trip em realidade virtual do «Regresso ao Futuro», entre muitas outras emoções fabricadas. Viajava num grupo de jornalistas portugueses e espanhóis. O guia, americano frustrado com um sonho de Hollywood não concretizado, passou-se por não ligarmos nenhuma às principais atracções, mas ficarmos absolutamente tresloucados ao vermos o Motel Bates do «Psycho». E, numa loja, canecas com a silhueta de Rocky, um dos mitos de Hollywood. Goste-se ou não, o filme marcou uma era.

«Rocky» ganhou o Oscar de melhor filme em 1976, ano do meu nascimento. Lamento o facto, sinceramente. Preferia que tivesse sido o «Taxi Driver» ou «Os Homens do Presidente», ambos do mesmo ano [sobretudo o primeiro]. Mas a fórmula de sucesso foi a do pugilista. De certeza por um frase profunda, exclamada em tom guturral, que Stallone inscreveu na memorabilia das citações de Hollywood:

«If I can change, you can change, everybody can change!»

[Tenham muito medo, ele voltou.]

2 comentários:

Sara disse...

Sou uma fã suspeita do senhor, mas gostei do filme! Acho que não é nada do que as pessoas estão à espera e é bem mais humano, o que provavelmente não seria de esperar de um brutamontes que está velho... para mim fica na categoria dos filmes de sábado ou domingo à tarde.

Laura Ramos disse...

Finalmente consegui vir ver o teu blog! Já não era sem tempo... A ter muito medo, também: além do Stallone o Herman também voltou!!!