15.12.06

Ponto de encontro

Quando tínhamos 15, 16 anos, viajávamos juntos e os regressos eram feitos a quatro, ou mais, para um meeting place desolado no meio do subúrbio. Eram os dias em que nos encontrávamos ao fim da tarde no Galeão, íamos a casa jantar qualquer coisa e voltavamos a estar juntos à noite - no Paparocas, no café do Daniel e mais tarde no Carujo [foi sempre a piorar, verdade seja dita]. As miúdas marchavam cedo para casa, ficava eu, o Dave, o Guido e o Gouvas, às vezes também o Joel. Íamos jogar cartas [cornélia e olho] para as escadinhas nas traseiras de casa do Guido, enrolar cigarros felizes, beber umas cervejas «mas com cuidado, se os meus pais passarem aí esconde isso, puto.»

Crescemos. O Hugo e a Sofia casaram, a Andreia e a Ana [que faz anos hoje e é um mulheraço] ficaram por Sintra, a Lia pirou-se para Aveiro, depois Lamego, agora Funchal. O Guido também ficou pelo subúrbio, a Vanda mais ou menos. E a Raquel foi para Buenos Aires, o Gouvas para Benguela, a Célia para Formentera, o David para Leiria. Eu na América, com passaporte para viagens constantes. Dispersámo-nos todos, apesar de muitos telefonemas, e-mails, uma ou outra carta.

E quando chega o Natal toda a gente vem a casa. A semana passada apareceu o Dave na varanda do décimo andar. O Gouvas chegou ontem de Angola directo para minha casa. A Célia gostou de lá jantar, tenho a certeza. A Raquel aparece sempre. A Vanda dorme lá muitas vezes, como todos os sem-abrigos do meu grupo de afectos.

Está toda a gente a voltar e quem chega vem para os States. Bem-vindos ao laboratório.

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