8.6.07

Pura vida

Passa uma semana de calor tórrido e chega feriado com céu de ameaça. Pode chover, pode ficar nublado, pode chegar vento, pode vir frio.

Mas não ficou.

Bandeira verde na praia da Mata é presente raro. Sintrense está habituado a mares agitados, brisa que se torna ventania num instante, instantinho. Na minha praia de sempre, a Adraga, verde foi visão de bandeira por duas ou três vezes - não num Verão, numa vida inteira. E ontem tive ondulação de senhoras. Mergulhar, mergulhar.

Veio Lisboa toda. Parecia saída da noite anterior, os mesmos rostos que foram ao Soft e ao Lux mas agora espojados na areia. Vai caiprinha? Vai. Caracóis? Sim. Melhor irmos jantar. Está bem.

Passei o sábado passado no Sado, num galeão com amigos [era a despedida de solteiro do Ric, que, inconscientemente, me convidou para padrinho. Está louco] a ver golfinhos, dar mergulhos, beber vodkas ao fim da tarde. Depois fomos comer canivetes a Setúbal, ameijoa, berbigão. Não havia choco frito, mas ahhhhhh, é tão bom ter Verão na bagagem.

Ontem mais fiesta, sábado mais praia. Se vier mariscada, melhor. Cerveja, parece-me bem. Dias longos, bonitos, e este ano arrisco-me a ir mais vezes à praia do que nos últimos cinco.

Os costa-riquenhos defendem a teoria da pura vida. Verão constante, verão andante, verão é estado de espírito para manter o ano todo. Seja, já cá estou.

6.6.07

Quase em casa


Junho tem alma de Dezembro. Natal com calor, hemisfério trocado, altura de regressos e congressos entre amigos com história. É reedição de um certo season spirit, agora mais solto, veranil.

A foto é do fim do ano, raiar do dia, alvorada em moca. Festa aveirense até aguentar e estes são os últimos resistentes. Que agora regressam: estão quase em casa. Vem um de Angola, vem. Outro de Espanha, vem. Menina chega da Índia, vem. Estudante volta a Lisboa, vem. Vem todo o mundo e reencontro é na América. Vem festa, vem.

4.6.07

Hell was here

Mr. T. não se costuma meter com ninguém, é um tipo pacato, sereno. Cravo-lhe às vezes mortalhas, outras vezes cerveja e ele nunca recusa. Trabalha no bairro, num bar do circuito boémio. É boa onda, Mr. T.

Ontem à noite Mr. T. foi espancado e partiram-lhe o bar todo. Eram três agressores e usavam blusões dos Hell's Angels. Um disse-lhe isso, «sou dos Hell's Angels», ele respondeu «boa, eu sou do Benfica», e então espancaram-no. Tinha a cara feita num bolo, Mr. T.

A polícia veio, não levou ninguém, parecia ter medo. Os tipos que deram a sova a Mr. T. - um tuga, dois californianos - revelaram em surdina que havia uma concentração deste grupo em Portugal, por estes dias. Mais de 1500 associados dos Hell's Angels chegaram de todo o mundo a Vila Franca de Xira na passada sexta-feira, em segredo, sem ninguém dar por eles. E ontem deram cabo de Mr. T.

Um dos meus escritores preferidos chama-se Hunter S. Thompson [se alguém viu o filme «Delírio em Las Vegas» saiba que é baseado num livro biográfico dele e que o tipo é a personificação das duas principais personagens. Thompson foi o fundador do Gonzo Journalism e era um alucinado como já não se fazem]e passou um ano em reportagem com os Angels. Andou com o grupo de motociclistas na estrada, assistiu a alguns dos crimes que os tornaram famosos, acabou espancado pelo colectivo de São Francisco.

Sexta feira passada, o inferno chegou a Lisboa e eu só me apercebi disso quando espancaram Mr. T. É certo que eles combinaram o encontro em surdina, mas é igualmente verdade que estão cá. A imprensa não noticiou, a polícia não se apercebeu, nada!

Já estão de partida - mas, fuck, como raio é que eu não fiz uma reportagem com eles?