Terça, onze e meia da noite, festa privada no Lux. Dois amigos lançavam um livro sobre fado e eu, apesar de estar totalmente KO, fui lá dar um abraço aos autores. Foi a Alexandra que me convidou e ela, admito, soube seduzir-me, fazer-me vestir o casaco e disfarçar o cansaço:
«Há vinho à borla», disse. «Irrecusável», respondi.
Quando cheguei, o Camané estava em pleno afinanço, num palco improvisado, junto ao bar do primeiro piso. Impressionante. Ainda ouvi a Maria da Fé e o Carlos do Carmo, três faduchos cada, mas depois apareceu a Mariza. A mulher tem uma garra de voz que arrepia a espinha. Ainda por cima, com letras do Ary dos Santos pelo meio e aquele timbre tão sensual.
É fadista de largo espectro, a Mariza, encarnação de Lisboa em corpo de mulher - tão discreta, bela e senhora do seu nariz quanto a luz da cidade.
À saída, percebi que me tinha voltado a reconciliar com o Lux, com quem andava zangado há uns tempos. Eu achava que o maior clube de Lisboa tinha mudado, estava mais deprimido. E, em resposta, o maior clube da cidade atira-me com a primeira noite de fados da sua história e a certeza na voz da Mariza de que à beira do Tejo está tanta Lisboa como na minha janela da América.
14.12.06
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3 comentários:
A Mariza tem uma voz brutal, imagina ouvi-la cantar à capela em pleno coliseu…foi arrepiante.
nao foi a maria da fe que cantou... foi a argentina santos!
nao foi a maria da fe que cantou... foi a argentina santos!
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