2.4.07

Hit the road, Jack

Começam os preparativos de viagem. Páscoa na serra da Arada, na semana seguinte embarco para atravessar meio Atlântico, planos com a família Bastos para férias em Odessa e Tiblissi [foram os locais mais weird de que nos conseguimos lembrar]. O arranha-céus é capaz de andar mais calmo, nos próximos dias. Eu, pelo contrário, muito mais agitado. O que é bom.

Quando era miudo e a perspectiva de sair de casa se começava a desenhar, o entusiasmo não me deixava muitas vezes pegar no sono. Para os primeiros acampamentos de Verão fazia a mochila com uma semana de antecedência e depois ficava a olhá-la durante sete-dias-sete, ampliando o factor ansiedade. Hoje, pelo contrário, faço mochila ou mala com meia hora de antecedência e já tenho todos os pormenores encadeados no cérebro. O estojo de higiene primeiro, T-shirts, boxers e meias depois, dois ou três pares de calças, umas camisolas quentes e um impermeável. Ready to go.

A partir dos 17 comecei a ir todos os Verões para França, viver numa comunidade isolada onde se encontrava gente de todo o mundo. Partia normalmente na primeira semana de Agosto, voltava na última e ainda ia a Barcelona ou a Amsterdão antes de voltar para casa. Financiava tudo com dinheiro ganho em Julho, trabalhava na loja do meu pai a acartar máquinas de lavar roupa para quartos pisos sem elevador e pagava assim o bilhete de autocarro. Não era só o bilhete de autocarro: o que eu estava na verdade a pagar era a sensação de partida.

Os anos e o trabalho trouxeram-me muitos quilómetros percorridos. Embarques em aeroportos, portos, carros alugados, estações de comboio. Mas nestes dias que antecedem a viagem tudo permanece na mesma. Borboletas no estômago, um tremelicar agradável, sorrisos para distribuir ao mundo. Costumo dizer que Lisboa é o melhor sítio do mundo para se voltar a casa depois de uma viagem. Sinto isso, tanto quanto me farto da cidade branca se permaneço nela demasiado tempo. Está na hora de ter saudades.

2 comentários:

pinky disse...

conheço bem essa sensação, desde pequena q não me larga, é sempre uma promessa de aventura e conhecimentos.
Lembro-me de nas primeiras viagens de avião estar tão histérica que quando o avião deslocava batia palmas como se de um espetáculo se trata-se.
partir é sempre maravilhoso.
e sim, tens razão voltar a lx é igualmente deslumbrante!

Grilo Falante disse...

Tem graça... eu deixo sempre a bolsa da higiene para o fim. Por causa da pasta e da escova de dentes.